Mesmo que você ainda ame seu marido, não há como negar que ter um bebê muda a forma como você se sente em relação a tudo. Normal. Nessa fase após o nascimento, qualquer mulher fica sem vontade de fazer sexo. “Você está mudando o foco do seu parceiro para o seu filho. Você pode estar amamentando, pode estar cansada, pode estar sobrecarregada, seu corpo ainda está se recuperando, e os hormônios estão a mil por hora”, diz Trina Read, sexóloga.
A apatia sexual no período pós-bebê tem raízes evolutivas. Queremos fortalecer o vínculo mãe-bebê e quem paga por isso é o vínculo do casal. O principal culpado pela falta de luxúria no pósparto é o “hormônio do amor”, a ocitocina, aquela que faz você se sentir apaixonada pelo seu parceiro e depois faz você só conseguir olhar para o bebê.
A boa notícia? Há maneiras de estimular a produção desse hormônio do amor. John Gottman, fundador do The Gottman Relationship Institute, definiu que os casais devem passar 5 horas juntos semanalmente fortalecendo o vínculo conjugal. Parece muito, mas metade disso equivale a um único encontro. Você nem precisa sair de casa, mas o bebê deve estar dormindo, claro. E assistir TV não vale. As outras duas horas e meia consistem em pequenos momentos por dia ao longo da semana: dois minutos cada manhã para perguntar quais são os planos para aquele dia (não vale perguntar se ele pagou a conta de luz); vinte minutos ao fim do dia papeando sobre o que aconteceu; e cinco minutos de contato físico – beijar, abraçar ou dar as mãos.
Infelizmente, essa fase de apatia sexual pode durar bem mais do que você imagina – talvez até seu filho ter 5 anos, diz Lori Brotto, professora de ginecologia e obstetrícia. Quando as mulheres a procuram antes desse período reclamando que não sentem vontade de transar, ela não costuma considerar isso um problema. “Uma mulher com pouco desejo pode estar sofrendo de fadiga, depressão pós-parto, problemas com seu corpo, dores durante as relações sexuais e sentindo-se sobrecarregada”, explica.
Muitos especialistas endossam a tese “vá e faça”. “Não estou dizendo para você se forçar a transar se não está com vontade”, insiste Amy Levine, educadora sexual de Nova York. “Mas muitas mulheres dizem que, inicialmente, não estavam interessadas nisso, mas conforme tentaram, começaram a gostar”.
Em sua prática clínica, a dra. Brotto encoraja mulheres que querem alavancar sua libido a praticar exercícios sensoriais. “Instruo minhas pacientes a gastar 10 minutos por dia usando todos os seus sentidos”. Por exemplo: quando estiver andando na rua, note as cores e tipos de carro a sua volta, sinta o sol ou a chuva na pele, preste atenção nos cheiros ao redor. Essa atenção ajuda a redescobrir seus próprios sentidos e prazeres enquanto você para de pensar nas crianças. Depois disso, a dra. Brotto dá às pacientes exercícios mais focados no corpo, como sentir a água na pele durante o banho, e até
olhar e descrever seu corpo.
Alisa Bowman, autora do blog projecthappilyeverafter.com, precisou chegar ao limite para sentir-se motivada a mudar. “Demorou 12 livros de autoajuda, uma depilação na virilha, uma nova lingerie, um pouco de pornografia, uma visita a uma sex shop e uma viagem para fora da cidade, sem as crianças, para reavivar nossa vida sexual”, conta.
FONTE: mulher.terra.com.br